quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sobre aquele místico circo.

A vida do artista é triste. É da tristeza mais linda do mundo. Em que ponto acaba a dor e começa a ser bonito? Em que risco acaba o céu e começa o chão? Palcos são caminhos. É preciso estar sozinho pra ter glória? Será que eu a encontrarei dentro de mim ou por fora dos outros? Será que quem de lá me olha me vê? E eu, vejo nada? Eu vejo a cor cair sobre meu corpo, mas nem sequer percebo. Meus olhos estão acostumados ao escuro do caminho. Quero saltar sem rede que me segure. Quero voar sem asa que me prenda. Ao ar. Não quero ser pássaro. Quero ser pensamento. Pássaros dependem de tudo. Pensamentos existem mesmo que nunca sejam pensados. Estão todos aqui. E em todos os lugares. É possível resgatá-los estando em qualquer espaço, existente ou não, real ou não. Sim. Cada noite, uma vida. Uma vida que nunca foi minha. Eu morro no fim. Eu renasço. Basta que se abram cortinas. Basta que sem abram as cortinas. Basta que se abram as cortinas. E quando eu morrer, serão elas a fechar meus olhos, a dizer boa noite... a aplaudir meu breve espetáculo, coberto de flor.

[Mariana Stolze - janeiro de 2009]

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